O Coração de Jesus e de Maria ao Mundo

O Coração de Jesus e de Maria ao Mundo

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

COM O AMOR DÁ-SE TUDO A JESUS

   
     Tantas insistências divinas para que a alma concentre os seus esforços no único dever de amar demonstram com evidência que o amor é tudo e que, por isso, através do amor, a alma dá realmente tudo a Jesus. Porventura, não terá sido esta a grande descoberta que deu asas a Santa Teresinha para realizar a sua santificação e pôr em prática os magnânimos desejos de apostolado? "A caridade deu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja tinha um corpo, composto de vários membros, não lhe poderia faltar o mais necessário e o mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tinha um Coração e que este coração ardia de amor. Compreendi que só o Amor fazia com que os membros actuassem na Igreja; que, se o Amor viesse a extinguir-se, os Apóstolos nunca mais anunciariam o Evangelho, os Mártires recusariam derramar o seu sangue... Compreendi que o Amor encerrava todas as Vocações, que o Amor era tudo" - Santa Teresinha do Menino Jesus, Manuscrito "B", 254.
     Falamos da descoberta de Santa Teresinha; Foi de fato, pela sua alma, mas o mesmo não poderia dizer no campo doutrinal da Igreja católica. Se as considerarmos, as referidas palavras da Santa são o eco - aliás, substancialmente fidelíssimo - do grande ensino do Apóstolo que, depois de ter recordado a verdade sublime da nossa incorporação em Cristo, afirma: "Vós sois o corpo de Cristo e cada um, pela sua parte, é um membro" (1 Cor 12, 27). Agora, cada membro tem o seu dom e não deve invejar os dons dos outros, embora aspire aos carismas mais altos. Por isso, acrescenta "Aspirai aos melhores dons" (Ibidem, 12, 31): isto é, melhor de todos os dons carismáticos, de todos os mistérios que se exercem na Igreja, de todas as obras que se realizam. Qual é este caminho? O Apóstolo responde, destilando aquele maravilhoso hino ao amor que bem pode dizer-se a síntese dogmática e moral da mensagem evangélica e que constitui o capítulo 13 da primeira Carta aos Coríntios. Transcreve-se aqui a sua primeira parte:
    
     "Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine.
      Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios de toda a ciência, ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, se não tiver amor, nada sou.
     Ainda que eu distribua todos os bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita" (1Cor 13, 1-3).

     Portanto, se as obras no campo do bem - ciência, fé, esmola, sacrifício e até o martírio -tanto individualmente como no seu conjunto, são nada e nada valem sem o amor, conclui-se que só o amor conta, só o amor é verdadeiramente tudo; e que, por isso, uma alma, não chamada ou impossibilitada de realizar essas obras, se contudo ama a Deus com todo o seu coração, com todo o entendimento, com toda a sua força, na realidade ela dá tudo a Deus.
    Foi este o ponto de partida pela santa Teresinha para abraçar o caminho do amor e também foi para a Irmã Consolata, a quem Jesus confirmava:
    "Ama-me, Consolata, ama-me apenas; no amor está tudo e tudo me dás" (7 de Agosto de 1935)
    "Quando me amas, dás a Jesus tudo o que Ele deseja das suas criaturas: o amor!" (20 de Setembro de 1935).
     Por isso, não queria que dispensasse as suas energias espirituais na multidão dos propósitos, sempre pouco concludente, enquanto neste único propósito do amor estão encerrados todos os outros (1 de Dezembro de 1935): "O amor é tudo: agora, fixa-te neste único propósito, dá tudo a Jesus."
    Não há dúvidas de que é necessário observar a lei, mas quem a observa? Aquele que ama. "Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra" (Jo 14, 23). E Jesus à Irmã Consolata (15 de Novembro de 1935) : "Vês, Consolata, as minhas criaturas fazem-me mais temível do que bom e, no entanto, Eu rejubilo por ser bom e sempre bom. E o preço? O amor e só o amor, porque quem me ama, serve-me."
    ... Portanto, quem observasse a Lei, mas apenas por temor, não faria obra perfeita, como Jesus explicava à Irmã Consolata (16 de Novembro de 1935):
    "Olha, anseio por que minhas criaturas me sirvam por amor. Mas evitar a culpa por temor dos meus castigos não é o que desejo das minhas criaturas.
    Quero ser amado, quero o amor das minhas criaturas; e, quando me amarem, nunca mais me ofenderão.
    Quando duas criaturas se amam verdadeiramente, nunca se ofendem; e, assim - e só assim - haverá de ser entre o Criador e as suas criaturas."

Retirado do livro: O Coração  de Jesus ao Mundo - Pe  Lorenzo Sales
    

domingo, 23 de fevereiro de 2014

E AS DIVINAS COMPLACÊNCIAS

     "Olha, Consolata, as criaturas costumam medir a virtude de uma alma pelas graças que Eu lhe concedo; mas enganam-se porque sou livre de agir como quiser.
      Por exemplo, terá sido a tua virtude que mereceu as grandes graças que te concedi? Pobre Consolata, não tens virtude, não tens méritos, não tens nada. Tiveste culpas, mas já não existem porque as esqueci para sempre.
     Então, porque a ti, precisamente a ti, tantas e tantas graças? Porque sou livre de beneficiar quem quiser. Os pequeninos são a minha fraqueza. Eis tudo!... E ninguém pode acusar-me de injustiça, porque o Soberano é livre de beneficiar  regiamente quem quiser."

O Coração de Jesus ao Mundo - Pe Lorenzo sales - Ed. Paulinas
    

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

LXV.- DO MEIO UTILIZADO PELA ALMA PARA ATINGIR O AMOR PURO E GENEROSO


1.- Quando a alma entrou no caminho da perfeição, passando pela doutrina - de Jesus crucificado, com o amor autentico da virtude e do ódio pelo vício, quando ela chegou pela santa perseverança na célula do conhecimento de si próprio, ela ai clausura-se nas vigílias e na oração continuada, e ela separa-se da conversação dos homens. Porque se isola? Ela isola-se com medo causado pela visão da sua imperfeição , e pelo desejo de chegar a obter o amor generoso e perfeito. Ela vê e compreende que não se pode chegar  por outro meio, e ela espera com fé viva a minha vinda para a graça nela. Em que se reconhece esta fé viva? Na perseverança da virtude e na santa oração, alguma coisa que aconteça. A menos que seja por obediência  ou por caridade, nunca devereis abandonar a oração.

2.- Muitas vezes o demónio obceca mais a alma de suas tentações durante o tempo destinado a oração que durante o tempo que não esta em outra atividade: ele queria inspira-lhe o tédio pela oração. Por vezes ele diz: esta oração não lhe serve a nada, porque não deve estar tão distraída. O demónio esforça-se por este meio de a confundir e, de desgostar a alma do exercício da oração, porque a oração é uma arma com a qual a alma se defende contra todos seus inimigos, quando ela a pega com a mão de amor e o braço do livre arbítrio, e que ela combate à luz da santa fé. (103)

(Dialogos de Santa Catarina de Sena - Tratado da Oração)


DIALOGOS DE SANTA CATARINA DE SENA
Doutora da Igreja Católica - 1347 - 1380 


Tratado da oração
LXXII - A ALMA QUE SE CONHECE EVITA OS ENGANOS DO DEMÓNIO

1.- Eu não quis esconder-te, minha filha muito amada, do erro onde caem frequentemente os homens que deleitam-se no pouco bem que fazem em tempo de consolação e aquele dos meus servidores que agarram-se tanto as doçuras espirituais, que não conseguem mais conhecer a verdade do meu amor e discernir onde se encontra o pecado. Disse-te da cilada que o demónio lhes estende pelas suas faltas caso não siguam pelo caminho que lhes ensinei. Assim tu e os outros servidores, deveis caminhar pela virtude por amor por mim, e não por outro motivo.  
2.- Estes erros e seus perigos são destinados para aqueles cujo amor é imperfeito, ou seja áqueles que amam mais os benefícios do que a mim. Mas a alma que entrou no seu próprio conhecimento, na prática da oração perfeita, ao rejeitar a imperfeição do amor e da oração, como já te expliquei, esta alma recebe-me pelo amor; ela esforça-se de atrair a ela o leite da doçura no seio da doutrina de Jesus crucificado.      
3.- Ela chegou ao terceiro estado, quer dizer ao amor terno e filial; ela não possui um amor mercenário, mas ela age comigo como um amigo que age com seu amigo que lhe dá um presente: ele não olha pelo presente, mas no coração daquele que dá, e ele gosta do presente pelo amor que tem pelo amigo. Assim faz a alma que atingiu ao amor perfeito. Quando ela recebe meus benefícios e minhas graças, ela não para no presente, mas sua inteligência contempla a grandeza da minha caridade oferecida. 
4.- Para que a alma não possa desculpar-se de não reagir assim, eu quis unir o benefício ao benfeitor, ao unir a natureza humana à natureza divina, quando vos dei o Verbo, meu Filho único, que é igual a mim, e eu a ele. Nesta união podeis ver o presente sem ver aquele que o faz. Entendeis então com qual amor deveis amar o dom e o dador. Se fazeis isto, tereis um amor, não mercenário, mas puro e generoso, como aquelas que se isolam no conhecimento de si próprio.

(tradução própria do texto em língua francesa)
http://jesusmarie.free.fr/index