O Coração de Jesus e de Maria ao Mundo

O Coração de Jesus e de Maria ao Mundo

terça-feira, 11 de março de 2014

A VIRGINDADE DE SOFRIMENTO

    "Se te confirmo em graça em relação à virgindade de amor, não julgues que amar-me já não te custa nada. É que a minha confirmação na graça não exclui a luta e o esforço."

     Agora, a luta é sofrimento e para a Irmã  Consolata será sofrimento contínuo, pois continua será a sua luta. Mas a virgindade de amor tem um preço: a virgindade de sofrimento! Deste modo estabelecida num ato incessante de amor virginal, a alma é feita para fazer chegar até Deus todo o perfume dos seus sofrimentos, não o desperdiçando em lamentações estéreis nem se fechando perigosamente em sí própria e sem nunca assumir publicamente atitudes de vítima ou quaisquer outras - reais ou simuladas - que são próprias de quem se finge de vítima. Jesus confirmava-lhe tudo isso, dizendo (9 de Dezembro de 1935):

" Olha, a virgindade do amor anda a par da virgindade da mente.
   Quando uma alma se restabelece nesta virgindade de amor, nada consegue perturbá-la, pois estárá como confirmada na paz.
   Repara na Santíssima Virgem aos pés da cruz: sofre, mas que dignidade no seu sofrimento! Está a vê-la? Num mar de dores, nem um lamento; não se deixa desfalecer  nem abater, nada, nada... Aceita, sofre e oferece até ao consumatum est, com calma e fortaleza.
   Quero que sejas assim nos dias de dor e a virgindade de amor ajudar-te-á a sê-lo."
   Além disso, dava-lhe o motivo pelo qual a virgindade de amor coloca a alma numa paz tão perfeita e estável (10 de Dezembro de 1935):
"Na verdade, em verdade vos digo: todo aquele que comete o pecado, é servo do pecado" (jo 8,34). Assim tu, se deixares entrar um pensamento, se pronunciares uma frase não exigida, ficarás serva da tua infidelidade.
  A serva é escrava e a escravidão esmaga. É por isso que, depois de uma infidelidade, sentes a tua alma envolta em tristeza e não sabes como levantar-te a não ser recorrendo a Jesus.
  Mas se, ao contrário, resistires à tentação, se fores fiel, sentes-te livre e forte e pronta para todos os sofrimentos. Percebeste, Consolata? Lembra-te sempre disto!"
  Juntamente  com a fortaleza no sofrimento, a virgindade de amor comunica à alma a verdxadeira alergia que nada nem ninguém poderá roubar; ela é como que confirmada na alegria tal como na paz (13 de Dezembro de 1935):
  " Consolata, vês a candura da neve que te rodeia?--- Pois bem, permanece assim, na virgindade de mente, de língua e de coração e o sofrimento ser-te-á sempre doce, porque é só a infidelidade que te faz sofrer, o resto não, porque sofrer por amor a Jesus e às almas é alegria."
   A alusão de Jesus à brancura da neve exprime bastante bem outro fruto  da virgindade de amor que é o de levar a alma a uma pureza extrema. E, em primeiro lugar, pureza de  mente ( 2 de Dezembro de 1935):
   " Olha, enquanto amas, o demónio não podes inocular em ti um pensamento mau, porque todas as tuas faculdades estão absorvidas pelo amor; mas se cessares, então ele já pode. Por isso ama sempre."
   Depois , também pureza de alma e de corpo (11 de Junho de 1936): "Este ato incessante  de amor dá-te a tríplice virgindade: de coração, de corpo e de espírito."
   Porque, sendo fiel às promessas, Jesus infunda na alma que está assim tão intimamente unida a Ele, a sua própria pureza virginal (25 de Novembro de 1935); "Consolata, virgindade de mente: sim, só Eu!... Virgindade de coração: só para mim!... Virgindade de língua: fala só comigo!... Virgindade de corpo: Eu infundo-a em ti!"
   
Retirado do livro: O Coração  de Jesus ao Mundo - Pe  Lorenzo Sales - pgs 145-147

VIRGINDADE DE AMOR

 
Já se disse que o exercício do ato de amor não se pode concretizar se a alma não conseguir um rigoroso silencio  de pensamentos e de palavras. Acrescenta-se porém, que o ato incessante de amor é, por sua vez, uma valiosíssima ajuda (indispensável para a maior parte das almas) para se manter quer na virgindade de mente, servindo para não a deixar divagar; quer na virgindade de coração, não o deixando pousar em nenhuma coisa terrena; quer, ainda, na virgindade de língua, mantendo a alma num contínuo e virtuoso silêncio. Também aqui os ensinamentos divinos à Irmã Consolata são muito claros.
    No que se refere à virgindade de mente e de língua, dizia-lhe (16 de Setembro de 1936): "É necessário que tenhas um tal domínio dos sobre os teus pensamentos e sobre as tuas palavras que o demónio nunca possa nada contra ti e este domínio te favoreça o ato do amor."
    E em relação à virgindade de coração (1 de Dezembro de 1935): "Só a continuidade do ato de amor garante a virgindade do teu coração."
    Contudo, não só Jesus pedia à Irmã Consolata a continuidade do ato de amor, como também a virgindade do ato de amor: por isso, não só não perder nenhum ato de amor (com o coração), mas também  nunca distrair a mente. É a verdadeira e perfeita virgindade de amor.
    Já em 17 de Outubro de 1935, ao avisar contra as armadilhas do inimigo em relação à continuidade do ato de amor, dizia-lhe: "Olha, o que o inimigo quer é impedir-te o ato de amor contínuo. É esta a razão de toda esta luta obsessiva de pensamentos. Basta-lhe qualquer pensamento- mesmo bom, desde que não me ames."
    Depois, passando a explicar mais claramente em que consiste a virgindade de amor, dizia-lhe (6 de Dezembro de 1935): "Sabes em que consiste a pureza do teu ato de amor? Em não admitires nele nenhum pensamento porque, ao mesmo tempo podes amar com o coração e com a mente pensar noutra coisa.
    Não, a pureza do ato amor, exclui todos os pensamentos, exige a virgindade da mente, percebeste? Por isso, quero que dês o ato de amor.
   Não temas, ajudo-te a que mo dês em toda a pureza, e por isso, não admitindo nada de ti, dá-me tudo, amando-me!"
    Além disso, explicava-lhe que os pensamentos estranhos ao amor podem ofuscar a pureza do ato de  amor (6 de Dezembro de 1935):
    "Olha, até nos pensamentos bons que se infiltram em ti há algumas coisa de amor-próprio e de complacência, deturpando o ato de amor.
    Mas, se tu confiares cegamente que eu penso e pensarei em tudo, nunca deixarás entrar nenhum e  o teu ato de amor terá uma pureza virginal."

Retirado do livro: O Coração  de Jesus ao Mundo - Pe  Lorenzo Sales - pgs 144-145

PREFERIR MORRER A DEIXAR ENTRAR UM PENSAMENTO INÚTIL...

"... Esta manhã, eu estava só no laboratório, mas sentia-me unida ao Coração de  Jesus. Embora ansiasse por unir-me oficialmente a Ele (depois da permissão do diretor espiritual pelo voto de não perder um ato de amor, a natureza tentava resistir, pois temia que este ato de amor, a natureza tentava  resistir, pois temia que este  ato a crucificasse interiormente. Começo a compreender que o ato incessante de amor dá tudo a Deus porque lhe imola não só os pensamentos mas também as palavras e a fantasia, etc. É a morte da natureza!"
 
     Portanto, estamos diante não de um entusiasmo efémero, mas da consciência de um voto crucificante, o que lhe foi confirmado pelo próprio Jesus. No dia 13 de Junho, numa das referidas conferências, o seu espírito ficou impressionado com esta frase: "Sede valorosas como Maria Santíssima; aprendei a cantar especialmente quando fordes crucificados com Jesus."
Então, Jesus sussurrou-lhe ao coração: "Quero que sejas assim; por isso, na sexta-feira, quando o Amor te imolar totalmente, ligar-te-ás a mim pelo voto de nunca perder um ato de amor. Quero que sejas assim, sempre assim."

    Na noite de 18 de Junho, véspera da festa, ela fazia esse voto difícil.
    "... Esta noite, no Coro, Jesus estava exposto. Pensei que as prendas oferecem-se na véspera das festas. Amanhã é a sua festa, do seu Coração... A meditação falava de um Coração que amou muito os homens e dos quais só recebe ingratidões.  Confesso que a minha alma não estava pronta para emitir o voto de amor que me era pedido . Humilhei-me, confessei ao Coração Divino as culpas que não tinha podido depor aos pés do seu Ministro e senti dor por elas... A luta acabou numa paz profunda. Implorei a ajuda dos meus santos protetores e, depois, a Deus Trindade adorável, com a intercessão da minha Mãe Imaculada e de São José, emitiu o voto do ato incessante de amor, sem nenhuma suspensão nem à mesa nem no trabalho nem no recreio... A alegria intima e tranquila, a confiança de que me será concedida a graça de perseverar e muitos outros dons inundaram minha alma. Jesus, confio em ti!"
    Repara-se bem na extensão atribuída pela Irmã Consolata ao seu voto: o ato de amor deveria ser tão incessante que nunca permitisse a mínima suspensão, fosse a que hora fosse do dia. É evidente que para tal é precisa não só uma chamada especial de Deus - que é justamente a vocação de amor -, mas também uma graça igualmente especial. Aliás, o Senhor não a negava a esta alma por Ele escolhida para indicar ao mundo a doutrina e a pratica do ato incessante de amor.
   Isto não impede que o voto que ela emitiu tenha sido algo mais do que simplesmente levar a cruz: era permanecer na cruz para nela consumar o holocausto de amor. "Hoje - escreve no diário a 23 de Maio de 1936 -, senti continuamente a sede do sofrimento e à noite, quando me deitava, ouvi: "Se tu conhecesses o valor de um ato de amor!..."  E compreendi que será este contínuo ato de amor que consumirá, dando cumprimento a tudo."
   De fato, depois da emissão do voto, Jesus dir-lhe-á claramente (8 de Julho de 1936): "Agora, já não levarás a cruz porque já vives nela; deves perseverar na Cruz com o ato incessante de amor. Coragem, Consolata!"
   Foi esse o verdadeiro programa de vida espiritual da Irmã Consolata; programa que ela compendiava nestas palavras: "Amar-te verdadeiramente, ó Jesus, é preferir morrer a deixar entrar um pensamento inútil; é antes morrer que pronunciar uma frase não exigida ou estritamente necessária; é morrer a interromper o ato de amor."
   E era profundamente sincera no que dizia ou escrevia.

Retirado do livro: O Coração  de Jesus ao Mundo - Pe  Lorenzo Sales - pgs 141-143

ISTO É SER VÍTIMA DE AMOR

Na noite anterior à primeira sexta-feira, durante a Hora Santa, preparando a Irmã Consolata para o seu novo ato de consagração, Jesus dizia-lhe:

"Consolata, a sede de amor de Jesus, o seu pedido de reparação pelos teus "Irmãos" e "Irmãs" não te diz tudo?
  Sim, dei-te tudo; agora, dá-me tudo: todo o teu amor, todas as palpitações do teu coração no ato incessante de amor. Nada mais quero, porque só neste ato incessante de amor me dás tudo, tudo de tí e pelos teus "Irmão".
  Eis em que quero que me demonstres a tua fidelidade e generosidade: na renúncia completa a todos os pensamentos, a todas as palavras, para nunca interromperes o teu ato de amor: amar sempre, aceitando todas as consequências, sem nenhuma interrupção!
  Bem sei que isso consome docemente e mata a minha Consolata... isso é ser vítima de amor!"

Depois, em resposta à perplexidade natural da vítima, sempre receosa de não corresponder plenamente aos desígnios divinos e pesarosa pelas pequenas infidelidades involuntárias de amor, prosseguia com ternura divina:

"Não Consolata, não:a minha omnipotência é grande e o que te pede, concede-te também a graça para mo conseguires dar (cf. Dt 30, 11.14).
 Queres a minha bênção para que sele a tua vontade e lhe dê tenacidade para preservar até ao fim, sem nunca interromper este ato de amor com um pensamento ou com uma palavra?
 Pois bem, sim! Abençoo-te e nunca mais o interromperás: é esta a minha prenda para ti, da primeira sexta-feira de Dezembro".

Na manhã seguinte, Jesus cumpria a anunciada consagração, sem nada de extraordinário externamente:

"Hoje, consagro-te vítima de amor. Não te tiro com um dardo, mas inflamo-te no silencio e nunca poderás interromper o teu ato de amor, mesmo que o quisesses.
   Juntamos o tempo que ainda te resta viver, daqui até a tua última hora, a este ato incessante de amor. Acredita que nele me dás tudo.
  Sim Consolata, desprezaremos, calcaremos aos pés todos os obstáculos e amaremos , incessantemente, até ao último suspiro... Porque disso assumo  Eu a responsabilidade."

Retirado do livro: O Coração  de Jesus ao Mundo - Pe  Lorenzo Sales - pgs 140-141